The Composer of Desafinado, Plays - Tom Jobim
- Luiz Eduardo Bedoia
- 15. Mai
- 2 Min. Lesezeit

Amantes da música brasileira que frequentam o Semeando Música, hoje nosso jardim sonoro floresce ao som de um clássico seminal: The Composer of Desafinado, Plays, primeiro álbum solo instrumental de Antônio Carlos Jobim, lançado em 1963.
Neste disco, o maestro não canta. Em vez disso, deixa que o piano e o violão falem por si — e falam alto. Ouvimos aqui a arquitetura essencial da bossa nova: harmonias sofisticadas, melodias límpidas, silêncios expressivos. É como se Jobim nos entregasse a anatomia da canção, despojada de ornamentos, como uma planta exposta em corte transversal.
Clássicos como “Garota de Ipanema”, “Amor em Paz”, “Água de Beber” e “Desafinado” aparecem em suas versões mais nuas. Sem a mediação da palavra, revelam-se outros aspectos: o jogo sutil entre harmonia e ritmo, o balanço interno das composições, a elegância quase matemática da forma.
Os arranjos de Claus Ogerman são contidos e funcionais: em vez de adornar, enquadram. A música respira. O disco inteiro soa como uma tarde quieta no Rio, com brisa e sombra, mas sem caricatura. É Jobim em seu modo mais introspectivo, quase minimalista.
The Composer of Desafinado, Plays não é um disco para escuta distraída. Ele exige tempo, atenção e uma certa entrega. É também uma provocação: até onde conseguimos ouvir sem as palavras? Quão afinado está nosso ouvido para a estrutura da canção?
Para quem deseja entender não apenas a história da bossa nova, mas sua gramática interna, este álbum é essencial. E para quem já conhece os clássicos na voz de João Gilberto ou Elis Regina, aqui está a chance de reencontrá-los por outro ângulo — e perceber por que Tom Jobim permanece um dos compositores mais influentes do século XX.
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