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Lineker/Liniker - Ele/Remonta

  • Autorenbild: Luiz Eduardo Bedoia
    Luiz Eduardo Bedoia
  • 15. Okt. 2016
  • 4 Min. Lesezeit

Se você tem mais de 30 anos e gosta de futebol com certeza lembra do nome Lineker, goleador inglês que disputou três copas do mundo, sendo o atilheiro da Copa de 1986. Discreto dentro e fora de campo, tornou-se um símbolo de fair-play, uma vez que em toda a sua carreira jamais recebeu cartão vermelho ou se quer mesmo amarelo, fato raríssimo num esporte de contato físico intenso como o futebol.


Mas como o tema do blog é a música você pode estar se perguntando porque cargas d'água eu estou falando de futebol inglês… Um instante Maestro!


Como hoje é o dia do professor lembrei do grande antropólogo Darcy Ribeiro, em nome do qual homenageio a todos os que se dedicam ou dedicaram à profissão que faz todas as profissões.


Darcy em sua vasta produção intelectual se debruçou sobre os elementos formadores da identidade do povo brasileiro e entre eles deu especial destaque ao futebol e ao seu papel sociológico.


E entre tantos jogadores de destaque escolhi justamente o Gary Lineker porque seu nome batiza justamente o convite à audição de hoje que será em dose dupla, uma vez que dois destaques da nova geração compartilham da mesma homenagem dos seus pais ao futebolista bretão.


Agora batendo tudo no liquidificador fica fácil entender porque falei do jogador inglês e do professor Darcy Ribeiro, já que o brasileiro, apaixonado por futebol, de tempos em tempos escolhe para batizar seus filhos o nome de jogadores de destaque, principalmente em Copas do Mundo e aí é uma enxurrada de Matheus, Michel Platini, Romário, Ronaldo, Messi e… Lineker e suas variantes.


O semeandomusica traz hoje Lineker e Liniker, dois artistas tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidos, como se um fosse a versão alternativa do outro.Enquanto Lineker Henrique de Oliveira de 29 anos é mineiro, branco e tem voz doce e levemente aguda, Liniker de Barros Ferreira Campos é paulista, negro e tem um vozeirão grave.


Ambos começaram na música por influência de casa: o primeiro, acompanhando o pai na Igreja, agarrado às suas pernas enquanto ele tocava o violão; o segundo, participando dos encontros dos tios músicos e das apresentações da mãe dançarina de samba rock. São tímidos na pessoa física, mas expansivos artísticamente, capazes de chocar com a capa de um disco em que um aparece correndo nu no pasto verdejante (como fez Lineker, com o recém-lançado EP Verão) e ao usar saia, turbante, barba, brincos e batom (como faz Liniker em seu show de divulgação do EP Cru).


O disco de estreia de Lineker é de 2012 intitulado de Ele. Gravado entre maio e outubro de 2012 e lançado em dezembro, “eLe” traz um bom repertório que passa por Gilberto Gil, Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Dominguinhos, Jorge Ben, Mutantes, Milton Nascimento e Gonzaguinha, entre outros, o seu disco vai sendo costurado de forma bastante particular, o que acaba criando uma atmosfera de textura interessante. Se em alguns momentos o álbum beira ao minimalismo, caso de “A Lenda do Abaeté” (Dorival Caymmi), por outro, Lineker consegue manter interessante estética pop, ainda que trazendo a canção para um contexto próprio, o que fica claro na simples versão da bela canção “Eu Não Me Arrependo” (Caetano Veloso).

O disco ainda viaja pelo Rock de “Mamãe Coragem” (Caetano Veloso, Torquato Neto) e passeia pelo cenário louquíssimo de “El Justiceiro (Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sergio Dias), enquanto em outros momentos amplia e explora as possibilidades vocais do cantor em canções como “Tonada de Luna Llena” (Simón Diaz), e na vinheta “Aboio” (Domínio Público).

Já Liniker é o band leader da Caramelows, banda formada por ele (voz), Rafael Barone (baixo), William Zaharanszki (guitarra), Pericles Zuanon (bateria), Márcio Bortoloti (trompete) e Renata Éssis (backing vocal) e tem seu disco de estreia Remonta recém lançado esse ano.

O álbum é aberto com Intro (Liniker Barros, 2016) de tom épico-sinfônico com apenas 25 segundos já dá o recado: o ouvinte entrará em uma viagem musical completa, que será responsável por apresentar todas as influências de Liniker misturadas à liberdade de produção, sem rótulos.



O disco é intenso e essa intensidade está explicitada no canto de fraseado soul com que o vocalista inicia a música-título Remonta (Liniker Barros, 2016), tema de andamentos alternados em que a orquestra arranjada pelo produtor Márcio Arantes tira o som de Liniker do universo retrô, ainda que todas as boas referências da música negra norte-americana da década de 1960 – o soul, o funk, o R&B – estejam entranhadas no álbum e na alma do artista.


Destaque para as faixas lançadas anteriormente no EP Cru ( que voltam em Remonta com arranjos novos e um acabamento aprimorado


O disco mostra que o artista descende da linhagem funk-soul-R&B projetada nos Estados Unidos na década de 1960 pela gravadora Motown que Tim Maia abrasileirou nos anos 1970 e ao qual Liniker dá tom contemporâneo.


Saboreie os discos e evite comparações, pois além da semelhança dos nomes dos artistas fatalmente você chegará à conclusão que a arte se justifica em si e não se mede em balanças.





Encontro dos dois artistas...

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