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Kind of Blue - Miles Davis

  • Autorenbild: Luiz Eduardo Bedoia
    Luiz Eduardo Bedoia
  • 6. Mai
  • 2 Min. Lesezeit

O Alquimista do Jazz e sua Obra Imortal

Mais que um virtuose, Miles Davis foi um alquimista do jazz, um visionário incansável cuja obra continua a moldar a música moderna. Mergulhar em sua discografia não é apenas ouvir; é participar de uma revolução sonora, um rito de passagem para compreender a essência da inovação musical. E se há um álbum que cristaliza esse gênio em pura beleza, é o atemporal Kind of Blue, de 1959.


Nascido em 1926, Miles Davis não apenas acompanhou as transformações do jazz — ele as liderou. Do frenético bebop à introspecção do cool jazz, da energia do hard bop à liberdade da abstração modal, culminando nas experimentações elétricas do jazz fusion. Em cada fase, Miles foi o arquiteto de novas sonoridades.


O Disco que mudou o Jazz

Kind of Blue transcende a definição de álbum; é um universo sonoro à parte, um sussurro espiritual em forma de música. Aqui, Miles nos guia por paisagens etéreas, onde o espaço e o silêncio ganham protagonismo. Este disco marcou a transição definitiva para o jazz modal, uma abordagem onde a improvisação flui livremente sobre escalas (modos), em vez de progressões harmônicas complexas — permitindo que cada nota respire e se expanda.


Gravado com o auxílio luxuoso de um verdadeiro dream team do Jazz, Kind of Blue é pura manifestação da intuição musical. A genialidade de John Coltrane, a alma bluesy de Cannonball Adderley, o piano atmosférico de Bill Evans, a solidez do contrabaixo de Paul Chambers e a bateria sutil de Jimmy Cobb formam um tecido sonoro que transcende o tempo.


Faixas como a da emblemática linha de baixo e a liberdade melódica de "So What", a melancolia introspectiva e a beleza etérea de "Blue in Green", e as cores vibrantes e a improvisação fluida de "Flamenco Sketches" são verdadeiras aulas de economia musical. O trompete de Miles emerge e se retrai como uma sombra elegante, comunicando profundezas além das palavras.


Uma Obra para ser ouvida com atenção

Kind of Blue não é mera trilha sonora para tarefas cotidianas — exige presença total. Ele convoca o ouvinte a silenciar o ruído do mundo externo e mergulhar em sua atmosfera rarefeita. Cada nota de Miles é uma pincelada no ar, cada silêncio, um portal para a contemplação. Sugiro apreciá-lo na companhia de um drink de sua preferência, permitindo que a música preencha o espaço.


Ouvir este álbum é entrar em contato com a essência da música como linguagem emocional e espiritual.


Miles além de Miles

A genialidade de Miles não se limitou a uma época. Após Kind of Blue, ele continuou a desafiar convenções, eletrificando o jazz em Bitches Brew e explorando novas fronteiras com In a Silent Way, provando que o jazz podia dialogar com o rock e a eletrônica sem perder sua alma. Miles foi a personificação da mutação — um artista que sempre olhou para o futuro, pavimentando o chão da história.


Mas se há um disco que clama por fones de ouvido, olhos cerrados e coração aberto, é Kind of Blue. Deixe-o tocar. Desconecte-se do mundo exterior. Ouça as nuances, os respiros, as conversas silenciosas entre os instrumentos. Miles Davis não queria apenas que ouvíssemos jazz — ele queria que nos perdêssemos nele. E que, ao voltar, fôssemos outros.




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