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Elza Soares - A Mulher do Fim do Mundo

  • Eduardo Bedoia
  • 18. Nov. 2016
  • 2 Min. Lesezeit

Na Semana da Consciência Negra, todo o respeito e toda a admiração a essa mulher simbolo de resistência e superação, que já surgiu publicamente desconcertando o Senhor Ari Barroso que ao estranhar sua figura esquálida exclamou: "Minha filha, feia desse jeito, de que planeta você veio?" E ela segurando a onda devolveu na lata do já tarimbado compositor brasileiro; "Do planeta fome, seu Ari."


Elza da Conceição Soares, nascida em 1930, filha de um operário e uma lavadeira de Padre Miguel no Rio de Janeiro teve uma infância efêmera, pois casou-se ainda criança aos 12 anos e foi mãe aos 13, ocasião da sua primeira aparição no programa de calouros de Ari Barroso na Rádio Tupi motivada por uma enfermidade acometida ao seu rebento que precisava de remédios. Mesmo com a infeliz tirada do apresentador não se abalou e deu conta do recado.


Ficou viúva aos 21 e aos 32 anos conheceu o jogador de futebol Garrincha, motivo pelo qual sofreu uma carga extra de preconceito por ser uma cantora negra no início de carreira e se envolver com um jogador de futebol que havia se divorciado. Isso provocou a "fúria" da sociedade, obrigando-a a resistir bravamente a xingamentos e insultos diversos em nome do seu novo amor.


Enfrentou o monstruoso alcoolismo que destruiu a carreira do talentoso Garrincha, chegando a sofrer a perda da sua mãe em um acidente banal quando o parceiro dirigia sob os efeitos da droga. Com ele teve apenas um filho, que perdeu num acidente automobilístico quando a criança, os 9 anos, voltava de uma visita à cidade natal do pai, mais um duro golpe que quase a derruba de vez.


Mas o destino dessa mulher definitivamente é a resistência, tanto que aos 86 anos encontra-se em plena atividade e lançou no fim do ano passado o disco de inéditas "A Mulher do Fim do Mundo". Este é o primeiro álbum de músicas inéditas da sua carreira que já ultrapassa a marca de seis décadas. A produção ficou a cargo de Guilherme Kastrup que idealizou um time de músicos com o núcleo criativo formado por Kiko Dinucci (guitarra), Marcelo Cabral (baixo), Rodrigo Campos (guitarra), Felipe Roseno (percussão), Celso Sim (direção artística) e Rômulo Fróes (direção artística), nomes conhecidos da cena paulista, o projeto traz onze faixas que transitam por gêneros diversos, como samba, rock, rap e eletrônico, em arranjos sobrepostos por timbres arrojados, ruídos, distorções e dissonâncias abordando temáticas atuais como violência doméstica, sofrimento urbano, transexualidade, negritude, entre outros.


Em um país que mascara suas mazelas e prefere jogar o lixo pra debaixo do tapete Elza não se intimida e põe com frequência o dedo na ferida e não é atoa que ela canta e alerta aos quatro cantos que "A carne mais barata do mercado é a carne negra"! Sem que isso soe como qualquer tipo de vitimização, pois sua biografia expele imediatamente esse tipo de tentativa de enquadramento do seu discurso.




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