Lucas Santtana - O Deus que devasta, mas também cura.
- Eduardo Bedoia
- 26. Dez. 2017
- 3 Min. Lesezeit
É com imensa satisfação que em meio ao caos do ciberespaço consigo finalmente fabricar como havia prometido ao amigo Moabe a almejada vigésima quinta hora do dia para retomar a produção textual desse nosso "quase" improdutivo quinhão virtual...
Alguns amigos me pediram para falar dos artistas que nos deixaram este ano, mas como assim deixaram? Belchior, Almir Guineto, Jerry Adriani, Luiz Melodia, entre outros, todos eles conseguiram a façanha de imprimir ad infinitum seu sopro vital em forma de canção e enquanto tiver uma agulha arranhando um acetato, um feixe óptico refletindo num disco ou um player reproduzindo uma faixa de qualquer dos seus discos eles serão imortais.
Nada impede que por ventura Belchior com seu canto torto feito faca ou o Comandante chefe da primeira bateria lá do morro de São Carlos voltem a desfilar por aqui. No entanto não serão suas "mortes" o adubo para proliferação das ideias que desejamos semear porque pra frente é que se anda e a caravana não para enquanto os cães ladram. Velhos novos imortais aguardam sua vez de gravar seus nomes no panteão dos imortais.
É com esse pensamento que no último post do ano quero falar do filho do produtor musical tropicalista Roberto Sant'Ana, que graças ao pai cresceu no meio artístico, frequentando a casa de nomes como Caetano Veloso entre outros; seu pai é primo do cantor e compositor Tom Zé.
Multi-instrumentista, o cara joga duro na guitarra e violão, mas também toca flauta transversal (com destaque para a participação no DVD Unplugged de Gil em 1994), além de tocar baixo e cavaquinho. Como instrumentista colaborou com Chico Science e Nação Zumbi, Caetano Veloso, Marisa Monte e o já citado Gilberto Gil. Suas canções já foram gravadas por nomes como Céu, Marisa Monte e Arto Lindsay. Tem canções nas trilhas sonoras de filmes como Deus é Brasileiro, de Cacá Diegues, e Surf Adventure 2, de Roberto Moura, e assina a trilha do longa-metragem de animação Morte e Vida Severina, ao lado de Rica Amabis, e do monólogo O Bispo, encenado pelo ator João Miguel. Ao lado do diretor Bruno Barreto e de Gal Costa, Lucas Santtana assinou a direção musical do projeto Trilhando, que uniu música e cinema no SESC Pompéia. Dirigiu também o show Re:mixando Tom Zé, com suas versões para músicas do compositor.

Em 2012, Lucas Santtana lançou seu quinto disco, "O Deus que devasta, mas também cura" com 10 faixas unidas por camadas orquestrais de Letieres Leite, Gui Amabis, Guizado, Gilberto Monte, Rica Amabis e pelo próprio Santana, que também assinou a produção que conta entre outras sutilezas com samples de Beethoven, Ravel e Debussy.
Além de oito faixas autorais e em parceria, o trabalho trouxe uma versão em português para "This is Not The Fire", da banda inglesa My Tiger My Timing, e uma releitura de "Músico", de Tom Zé, Herbert Vianna e Bi Ribeiro. As gravações contaram com participações de Céu, Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz, Curumin, Kassin, Gustavo Ruiz, Gui Amabis, Guizado, Maurício Fleury (Bixiga70), Marcos Gerez (Hurtmold), Rica Amabis e Josué Santtana, filho de Lucas.
Com destaque especial para a trilha "Para onde irá essa noite" que com sua atmosfera perfeita descreve um possível romance interrompido com um refrão que deixa no ar uma interrogação reforçada pelas cavadas da boa e velha guitarra Rock and Roll.
Vale muito a pena conhecer os discos anteriores e os lançados de pois deste para entender a trajetória artística deste "cantautor".
Aumenta o som que o cara é bom!
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