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Noites do Norte - Baile das Formigas

  • Autorenbild: Luiz Eduardo Bedoia
    Luiz Eduardo Bedoia
  • 2. Aug. 2016
  • 3 Min. Lesezeit

Guitarra, instrumento mítico portador da alma do Rock and Roll, capaz de engendrar deuses e heróis que com seus riffs matadores ou solos intermináveis levam multidões ao delírio da catarse coletiva ou os entusiastas a pagarem o mico supremo de disputar competições performáticas com suas versões etéreas.


Mas você já se perguntou como elas surgiram?


As guitarras de madeira maciça apareceram para valer só nos anos 40 do século passado. Nessa década, vários americanos trabalharam paralelamente no aperfeiçoamento do instrumento. Um técnico especializado em consertar rádios chamado Leo Fender foi o primeiro a produzir em escala comercial guitarras de corpo sólido, que ele batizou de Broadcaster - nome que seria mudado para Telecaster. Para concorrer com Fender, a fábrica de instrumentos Gibson, que já produzia violões elétricos com captadores, convidou o músico Les Paul para redesenhar um protótipo desenvolvido por ele. Em 1947, Paul Bigsby, outro fabricante, uniu-se ao cantor de música country Merle Travis para projetar sua própria guitarra elétrica de corpo maciço, considerada o modelo mais próximo do que conhecemos hoje.


Enquanto isso no Brasil, o eletrotécnico e músico baiano Adolfo Nascimento, mais conhecido como Dodô, buscava desde 1938 uma forma de usar um captador para amplificar o som de seu cavaquinho. Ele discutia a idéia com o também músico e amigo Osmar Macedo, com quem fundaria o famoso Trio Elétrico Dodô e Osmar. Por volta de 1944, Osmar desenvolveu um instrumento que nem corpo tinha, era apenas um braço de cavaquinho com captador, chamado de "pau elétrico". A invenção atraiu a atenção de marinheiros americanos de passagem pela Bahia. Ninguém sabe ao certo, mas há quem diga que essas engenhocas chegaram às mãos de inventores americanos, influenciando também o desenvolvimento da guitarra.


Polêmica à parte o que é inquestionável é o sotaque brasileiro impresso pelas guitarras paraenses do Mestre Vieira no final da década de 70, pois reza a lenda que originalmente tocava bandolim e em certa ocasião se viu “obrigado” a usar uma guitarra e sem se importar com a mudança do instrumento continuou tocando como tocava em seu bandolim misturando choro com carimbó, cumbia, merengue e outros ritmos criando o fenômeno chamado Guitarrada desenvolvido por ele e pelos Mestres Curica, Aldo Sena, e tantos outros.


Bebendo nessa fonte o Grupo carioca Noites do Norte, formado por Miguel Martins, Davi Mello, com as guitarras principais, além do baixista Chico Oliveira e do baterista Maurício Calmon, nasceu nas ruas da Lapa com um repertório repleto de Alípio Martins, Beto Barbosa, Mestre Vieira, Robertinho do Recife, Reginaldo Rossi e CIA para uma festa de uma noite só no espaço da antiga casa de shows Bar da Ladeira e deu tão certo que se repetiu semanalmente por mais de 2 meses. Hoje já com o primeiro disco “Baile da Formigas” o grupo optou por fazer apresentações de rua, literalmente passando o chapéu, e colocando todo mundo pra dançar entre o Centro da Cidade, o Flamengo, A Urca e o Méier.


Seu disco de estréia traz uma atmosfera que remete aos cabarés bagaceira, daqueles fuleragem, regados a cachaça de jambu e embalados por lambada francesa e sons amazônicos de uma incrível conexão afetiva com cumbias, salsas, carimbós, bregas, guitarradas e outros remeleixos de uma latinidade da qual fazemos parte, mas as vezes esquecemos ou renegamos inconscientemente pelo simples fato de não falarmos o espanhol.

O grupo mantém acesa a tradição da genuína guitarra brasileira com seu sotaque único desenvolvido pelos Mestres Guitarreiros do Estado do Pará com sua carga excessivamente dançante.


Com esse disco a diversão garantida, mas tem que dançar dançando!



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