Snarky Puppy - We Like It Here
- Luiz Eduardo Bedoia
- 20. Juli 2016
- 2 Min. Lesezeit
Formado em 2004, em Denton, no Texas, o Snarky Puppy começou como um coletivo de cerca de 40 músicos, muitos dos quais eram alunos da North Texas University. Em 2006, eles lançaram seu primeiro álbum, “The only constant”, enquanto alguns de seus integrantes se desbobravam nas bandas de artistas de renome como os astros pop Erykah Badu, Snoop Dogg e Justin Timberlake, o cantor gospel Kirk Franklin e os jazzistas Roy Hargrove e Marcus Miller.
Como muitos jazzistas, Michael League sofreu influência da música brasileira (“Acho que dá para perceber no nosso trabalho. Sou muito fã de Egberto Gismonti e Hermeto Pascoal, dos grandes compositores como Luís Bonfá, Tom Jobim e Milton Nascimento”, diz). Ano passado, em sua visita ao Brasil, ele conheceu o craque dos sopros Carlos Malta e o percussionista Bernardo Aguiar, companheiros no grupo Pife Muderno.
Longe do pensamento purista de que a antropofagia artística seja um fenômeno tipicamente brasileiro, os músicos do Snarky Pauppy comprovam que antes de tudo se tratar de uma característica universal. Isso quer dizer que, assim como nossos músicos digerem a cultura do exterior, muitos compositores estrangeiros sugam os sucos dessa terra tupiniquim e produzem coisas radiantes. Um exemplo recente disso é o “We Like It Here”, que traz um fusion bastante sofisticado à base de influências globais.

O disco de hoje foi considerado um dos melhores do gênero, em 2014 e nele a banda mostra que as fronteiras da música são realmente inaudíveis. Com oito faixas bem versadas e produzidas, o álbum traz um som visceral e orgânico, fundindo sons regionais com bases de funk, jazz, rap, rock e minimal. No entanto, existem algumas músicas que realmente se destacam. Esse é o caso da sétima faixa, "Tio Macaco", uma das composições mais diferentes da banda.
A música mescla influências de baião e outros ritmos brasileiros, jazz e funk, começando com a pegada forte do triângulo, a bateria com a síncope da zabumba, o naipe de sopros e as palmas. O baixo segura o groove junto à harmonia ácida do piano elétrico, fazendo a cama para os solos de improviso de saxofones, trompetes e flauta transversal. No final, quem brilham são os três percussionistas da formação, que incorporam os ritmos africanos, finalizando em um break “a la Olodum”.
Além de “Tio Macaco”, o álbum é marcado pela música “Lingus”, uma verdadeira verborragia jazzística, dotada de um grande equilíbrio entre técnica e discurso musical. Essa música apresenta um dos solos de teclado mais incríveis de Cory Henry na banda. “Jambone” é outro destaque. Com influência rítmica e melódica latina e africana, o som apresenta um impressionante solo de guitarra de Mark Lettieri.
Graças ao sucesso alcançado com direito a turnê mundial e Grammy de Melhor Álbum Instrumental Contemporâneo, hoje a banda não corre mais o risco de ver acontecer o que algumas vezes rolava no início da trajetória: Ter mais gente no palco que na platéia.
Aumenta o som que esse groove é quente!
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