Milton Banana Trio - Balançando com Milton Banana Trio
- Luiz Eduardo Bedoia
- 9. Juli 2016
- 2 Min. Lesezeit
O Disco de hoje fecha essa semana, dedicada ao Samba Jazz e a música instrumental brasileira derivada da Bossa Nova na década de 1960, com aquele que personificou a sequência rítmica do estilo. Milton Banana era o homem certo, no momento certo do nascimento da Bossa e posteriormente com seu trio ampliou os horizontes do samba com seu Sambalanço universal que serviu de berçário e influência para outros movimentos como a Pilantragem e o Samba Rock.
Milton Banana nasceu Antonio de Souza no Rio de Janeiro em 23 de abril de 1935 e de forma autodidata, aprendeu a tocar bateria sozinho, começou a tocar na noite ainda bem jovem na década de 1950. Dada a sua habilidade, não foi difícil se enturmar com a turma da Bossa Nova. Por isso, acompanhou vários músicos, entre elesLuís Eça, Johnny Alf, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Baden Powell, Sérgio Mendes, Luís Bonfá e Bola Sete.
Em 1959 participou da gravação de Chega de Saudade, considerado o primeiro álbum da bossa nova, por João Gilberto. Acompanhando João Gilberto e Tom Jobim no histórico concerto da Bossa Nova realizado em Nova York, no Carnegie Hall, Milton fez mais que história. Deu ao instrumento novas possibilidades e estabeleceu rico diálogo entre as tradições rítmicas do samba e a riqueza técnica do jazz.

O LP "Balançando com Milton Banana Trio" foi lançado pela Odeon em 1966 e é um dos melhores álbuns de sua carreira como band leader. O que mais chama a atenção é o seu suingue brasileiro, sua simplicidade ao tocar coisas consideradas complexas pelos bateristas e sua pegada do morro, invejada por muitos músicos. A pegada tem um conceito jazzístico da época de ouro dos trios de samba jazz, Milton, junto com Cid ao piano e Mario no contra-baixo acústico, conseguem passar algo inexplicável, de sintonia sonora, quase mágica.
A Bossa Nova popularizou nossa música e nossos músicos mundialmente e atá hoje é muito tocada ao redor do globo, mas depois de conhecer Milton Banana você vai perceber que por mais que se esforcem os japoneses, os norte americanos e etc nunca atingirão o balanço da batida sincopada do Samba que parece estar em nosso DNA. A impressão é que mesmo sendo bem feito falta um contra-tempo que faz tudo ficar meio quadrado, quase robótico.
Esse é mais um exemplo da nossa contribuição antropofágica para a humanidade, pois conseguimos criar algo novo aglutinando vivências de diferentes tradições culturais sem que se degrade os agentes aglutinantes. Assim é o Samba Jazz, único, sem perder a verve Samba nem o feeling do Jazz.
Esse é pérola fina!
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