Beth Carvalho - De pé no chão
- Luiz Eduardo Bedoia
- 2. Juli 2016
- 3 Min. Lesezeit
A carreira de Elizabeth Santos Leal de Carvalho se originou na Bossa nova como crooner do grupo do pianista Antonio Adolfo. No início de 1968 participou no movimento Música nossa, que foi fundado pelo jornalista Armando Henrique e pelo maestro Hugo Bellard. Os espetáculos eram realizados no Teatro Santa Rosa, em Ipanema, onde teve a oportunidade de gravar uma das suas canções "O Som e o Tempo", no LP do Música nossa. Nesta época ela gravou com o cantor Taiguara, pela gravadora Emi-Odeon. Em 1965, gravou o seu primeiro compacto simples com a música “Por quem morreu de amor”, de Menescal e Bôscoli. Em 66, já envolvida com o samba, participou do show “A Hora e a Vez do Samba”, ao ladcomo o de Nelson Sargento e Noca da Portela. Vieram os festivais e Beth participou de quase todos: Festival Internacional da Canção (FIC), Festival Universitário, Brasil Canta no Rio, entre outros. No FIC de 68, conquistou o 3º lugar com “Andança”, de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi, e ficou conhecida em todo o país. Além de seu primeiro grande sucesso, “Andança” é o título de seu primeiro LP lançado no ano seguinte. A partir de 73, passou a lançar um disco por ano e se tornou sucesso de vendas, emplacando vários sucessos como “1.800 Colinas”, “Saco de Feijão”, “Olho por Olho”, “Coisinha do Pai”, “Firme e Forte” e “Vou Festejar”, "Acreditar", "Mas quem disse que eu te esqueço".
Beth Carvalho é reconhecida por resgatar e revelar músicos e compositores do samba. Em 72, buscou Nelson Cavaquinho para a gravação de “Folhas Secas” e em 75, fez o mesmo com Cartola, ao lançar “As Rosas Não Falam”. Diz o poeta que todo artista tem de ir onde o povo está. Esses versos, além de grande verdade, definem com rara precisão a atitude de Beth Carvalho diante da vida. Beth é inquieta. Não espera que as coisas lhe cheguem, vai mesmo buscar. Pagodeira, conhece a fertilidade dos compositores do povo e, mais do que isso, conhece os lugares onde estão, onde vivem, onde cantam, como cantam e como tocam. Frequentadora assídua dos pagodes, entre eles os do Cacique de Ramos, Beth Carvalho revelou artistas como o grupo Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Sombra, Sombrinha, Arlindo Cruz, Luis Carlos da Vila, Jorge Aragão e muitos outros. Por essa característica, Beth ganhou a alcunha de "Madrinha do Samba". Mais do que isso, a cantora trouxe um novo som ao samba, porque introduziu em seus shows e discos instrumentos como o banjo com afinação de cavaquinho, o tan-tan e o repique de mão, que até então eram utilizados exclusivamente nos pagodes do Cacique.

O disco de hoje é de 1978, "De pé no chão", como diz o título, engajou-se na renovação do samba e, neste disco, tem seu primeiro encontro com o emergente pagode do núcleo do Cacique de Ramos. Um dos líderes do pedaço, Jorge Aragão, entra com o violão (ao lado de Manoel da Conceição, o Mão de Vaca, e Dino 7 cordas) e um imediato sucesso, “Vou festejar” (com Neoci Dias e Dida). Embora o repertório dê preferência a autores do samba clássico, como Cartola (“Que sejam bem vindos”), Nelson Sargento (“Agoniza mas não morre”), Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito (“Meu caminho”), Monarco (“Linda borboleta”, com Paulo da Portela), não faltam partidos-alto. Em “Você, eu e a orgia” (Candeia e Martinho da Vila), “Goiabada cascão” (Wilson Moreira e Nei Lopes), no sarcástico “Visual” (de Neném e Pintado, dos Canarinhos de Laranjeiras), “Ô Isaura” (de Rubens da Mangueira, com um toque rural do acordeom de de Chiquinho) e “Marcando bobeira” (João Quadrado, Dão e Beto Sem Braço, parceiro de Zeca Pagodinho), a cozinha do Cacique (Bira Presidente, Ubirany, Neoci, Mauro e Hélio Careca) come solta. O pagode irrompia nos fundos de quintal.
Esse disco é dedicado ao meu amigo Evanderlan Alcântara do canal DedéGustando no www.youtube.com/channel/UCXmUi9-lxi5F-9pwVtNvG_g onde você poderá conhecer uma grande variedade de cervejas para regar os grandes sambas da história.
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