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"Tributo" a Luiz Gonzaga - Baião de Vira-Mundo

  • Autorenbild: Luiz Eduardo Bedoia
    Luiz Eduardo Bedoia
  • 25. Juni 2016
  • 2 Min. Lesezeit

Renovar o Forró... eita assunto velho requentado, campo de batalha entre conservadores que só legitimam o formato cristalizado do Trio pé de Serra (com triângulo, sanfona e zabumba) e os que acham que modernizar a linguagem é tocar vanerão gaúcho com guitarras e contrabaixos elétricos pontuado por ataques de um naipe de metais.


Pensar que o instrumento utilizado define um estilo ou o que se pode tocar é tão ingênuo quanto perguntar a quantidade de fatias que tem uma pizza, pois teoricamente existem tantas quanto se deseje... O próprio Luiz Gonzaga usou em larga escala as guitarradas de Piau e o Mestre Dominguinhos tocou com o que quis com seu acordeon acompanhando Gilberto Gil pelo Brasil afora.


É nesse contexto que trago hoje o disco Baião de Viramundo, lançado em 200 a bolacha torce e retorce clássicos do Rei do Baião, mostrando que samplear é muito mais um ato de reverência do que plágio.


Não se trata de um disco comemorativo, e sim de um tributo com vários nomes brasileiros, grande maioria pernambucanos, afirmando (ou não) a influência que o rei do baião tem em seus trabalhos próprios. A seleção é bastante abrangente e os arranjos nem sempre são levados à risca. Pelo contrário, dos 16 nomes selecionados poucos são os que mantém suas versões próximas dos originais.


O disco abre com o encontro dos rappers Black Alien & Speed Freaks com Rica Amabis para recriar o lamento "Vozes da seca". DJ Dolores, acompanhado das vozes das meninas da Comadre Fulozinha e mais samplers desconstrói "A dança da moda". Otto injeta pandeiro e eletrônica pé-de-serra em "Orélia". Stela Campos desacelera "Sabiá". Um dos maiores clássico de Gonzagão. O mesmo acontece com os arranjos finos do Nouvelle Cuisine para "Acauã", descaracterizando completamente a toada composta especialmente para Assis Chateaubriand. O Sheik Tosado desce a lenha frevo-hardcore em "Assum preto" outro grande sucesso de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Anvil FX em companhia do canto narrado de Lex Lilith- aka Alex Antunes - despejam esquisitice noise-eletrônica na homenagem "LG - tu'alma sertaneja". A Nação Zumbi imprimiu sua personalidade no forró viajante de "O fole roncou". O Eddie, que é bom de ritmo, quebrou o balanço de "Retrato de um forró". A percussão infinita de Naná Vasconcelos e as cordas de João Carlos transformaram o lamento de "Juazeiro" numa canção instrumental, densa e detalhista.


É um tributo conceitual tratado como um manifesto da "auto-estima" nordestina, como diz o jornalista Xico Sá, para o próximo milênio.


Vale a pena para abrir a cabeça e se despir de preconceitos...



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