Mestrinho - Opinião
- Luiz Eduardo Bedoia
- 1. Juni 2016
- 2 Min. Lesezeit
Revisitando minhas origens da terra do Barco de Fogo onde até pouco tempo tradição era coisa séria, na noite do dia 31 de maio nos reuníamos para saudar a chegada das festas juninas desde seu primeiro minuto com direito até a hasteamento de bandeira... A partir daí a energia da cidade se alterava, a cordialidade se manifestava na oferta de bebidas e comidas típicas e a "barbárie", aos olhos dos forasteiros, também se revelava com sua face de fogo nas guerras de busca-pés em praça pública, onde só ia quem tinha coragem ou não tinha noção do perigo que o costume representa à integridade física dos seus praticantes.
Hoje a coisa nem é tão assim... na realidade está tudo assim assim... fogo na rua é coisa isolada, quase contravenção, tudo porque inventaram uma gaiola pro turista ver o fogo correndo sem passar por aflição, quem dera fosse assim mesmo porque até hoje ninguém inventou busca-pé com GPS e vira e mexe o danado escapole pro meio do mundaréu e é aquele corre-corre que só indo lá pra saber.
Mas como o tema do blog é um disco por dia apresento-lhes a bolacha de hoje impregnado desse sentimento junino quando minha mãe chegava da capital com um vinil novinho comprado na Modinha Discos e a vitrola... isso mesmo, a vitrola já estava em ponto de bala e todo mundo sentava na sala pra comungar com Luiz Gonzaga, Dominguinhos e CIA.
Confesso que ate pouco antes do post não tinha decidido se metia um Gonzação ou seu pupilo Dominguinhos, pois ambos compartilham de alto posto em minha estima, mas de última hora escolhi um sergipano que está levando adiante a tradição.

Mestrinho é de natural de Itabaiana e traz o acordeão no DNA já que é filho do safoneiro Erivaldo de Carira e neto tocador de oito baixos Manezinho do Carira... O cabra é bom e apesar da pouca idade tem estrada, tem história e tem bagagem. Já tocou com meio mundo, Hermeto , Elba, Rosa Passos, Geraldo Azevedo, Elza Soares, Benito di Paula e da nova geração Duani, Mariana Aydar e Zeca Baleiro, entre outros. Acompanhou o Mestre Dominguinhos por diversas vezes e participou de turnês em festivais de jazz na Europa, Israel e Uruguai com grande Gilberto Gil.
Seu primeiro disco solo é de 2014 e se chama "Opinião"... Ouça com atenção e diga se é ou não é pra arrastar o pé no meio do salão?
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