Dominguinhos - Oi, lá vou eu!
- Luiz Eduardo Bedoia
- 26. Juni 2016
- 2 Min. Lesezeit
José Domingos de Marais nasceu no agreste pernambucano, em Garanhuns, em 12 de fevereiro de 1941. Filho de mestre Chicão, um conhecido afinador de sanfonas da região, teve contato com o instrumento desde a primeira infância quando ganhou do pai uma sanfona de oito baixos que já aos seis anos era como se fosse uma extensão do seu próprio corpo.
Com seus irmãos Moraes e Valdomiro formou o trio Os três Pinguins se apresentando em feiras livres e portas de hotéis em troca de algum dinheiro, quando ficou conhecido como Neném do Acordeon.
E foi justamente tocando na porta de hotel que a vida desse menino cruzou com Luiz Gonzaga pela primeira vez, que ao ouvir o trio tocando do lado de fora pediu que os deixasse entrar para tocar pra sua comitiva. Impressionado com a desenvoltura do menino quis levá-lo para Rio de Janeiro, mas o menino ainda tinha que estudar.
Anos depois Neném embarcou num pau de arara acompanhado do pai para uma viagem de onze dias rumo ao Rio de Janeiro, Nilópolis era o destino onde já morava o irmão Moraes. Dias depois vai até o Méier procurar por Gonzaga que o recebeu de braços abertos e o presenteou com uma sanfona de 80 baixos. A partir de então o menino virou seu pupilo e o acompanhava em shows, ensaios e gravações.
A partir daí, já rebatizado por Gonzaga de Dominguinhos, sua carreira deslancha e ele faz parte da primeira formação do Trio Nordestino entre 57 e 58. Em 1967 sai com Luiz Gonzaga em turnê pelo Nordeste dividindo as funções de sanfoneiro e motorista quando conhece sua maior parceira, a pernambucana Anastácia, com quem compôs mais de 200 canções, inclusive um dos seus maiores sucessos, Eu só quero um xodó.

A sua integração ao grupo de Luiz Gonzaga fez com que ganhasse reputação como músico e arranjador, aproximando-se de artistas consagrados e trabalhando com músicos de renome, como Nara Leão, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Chico Buarque e Toquinho entre outros.
E o disco de hoje exemplifica bem essa importância que o velho Dominguinhos tem no meio musical. Oi, lá vou eu! É foi lançado em 1977 e agregou mm time dos sonhos dividindo os instrumentos e os arranjos com feras como João Donato, Hermeto Paschoal, Toninho Horta, Luizão, Jackson do Pandeiro, entre outros. Entre músicas cantadas e instrumentais é considerado um dos melhores discos dele.
Todo o respeito e toda a admiração a esse que devotou sua vida inteira à música e quando empunhava a sanfona era como se fechasse uma conexão direta por onde fluía a música das esferas.
Esse é mais pra matar a saudade do acordeon do mestre do que pra ariar a fivela...
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